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» HISTÓRIA DO REMO EM PORTUGAL

A origem do Remo como prática desportiva em Portugal, terá tido o seu início na segunda metade do século XIX. Até essa data, o seu exercício estava reservado aos profissionais, sendo contudo conhecidas disputas entre embarcações de transporte de passageiros e entre as guarnições dos navios da Armada Real, as quais despertavam o interesse de multidões que afluíam às margens e aplaudiam com entusiasmo. São célebres, pelo menos a partir de 1853, as Regatas de Paço de Arcos, em barcos à vela e a remos, promovidas pelo Conde das Alcáçovas e por um grupo de aristocratas, por ocasião dos festejos anuais. No programa de 1854 constava a participação de duas guigas de 4 remos, tripuladas por "curiosos". Na sequência destes eventos foi fundada em1856 a Real Associação Naval (actual Associação Naval de Lisboa), a mais antigaagremiação desportiva da Península Ibérica e uma das mais antigas do mundo.
Em 28 de Agosto desse mesmo ano, aquela associação organizou uma regata em Paço de Arcos que constitui a primeira competição regulamentada, organizada por um clube náutico. O interesse despertado pelo "divertimento das regatas", associado ao "gosto e predilecção" da Família Real pelos passeios a remos no Tejo, deram lugar em 1861, à formação de dois grupos de remadores que podem ser considerados os percursores do desporto do Remo em Portugal.
Abel Power Dagge, um dos fundadores da Real Associação Naval e, mais tarde, também fundador do Club Naval de Lisboa, fazia parte de uma das tripulações.
Destes acalorados desafios resulta a fundação, em Lisboa, do Rowing Tagus Club e do Club dos Remeiros Lusitanos, os dois primeiros clubes de remo instituídos em Portugal.
Numa época em que o remo desportivo era a modalidade de eleição praticada pela elite inglesa residente na região norte é fundado, em1876, o Club Fluvial Portuense, resultante do entusiasmo de um grupo de portuenses pelos desportos náuticos. Trata-se da colectividade desportiva mais antiga do Norte e a terceira a nível nacional.
Com a introdução, em1878, dos primeiros outriggers de 4 remos, o desporto náutico entra num período de notável incremento, manifestado pelo aparecimento de novas agremiações, no aumento de sócios e na realização de certames náuticos promovidos por estas colectividades, sendo exemplo disso, as regatas de Paço de Arcos e, mais tarde as regatas de Cascais, as regatas ao longo da muralha da Junqueira e, ainda, as regatas do Porto e da Figueira da Foz.

Em 27 de Janeiro de 1892, é instituído o Club Naval de Lisboa, contando-se entre os seus fundadores, Abel Power Dagge e antigos sócios do entretanto extinto Rowing Club.
No dia 1 de Maio de 1893 é fundada na Figueira da Foz, a Associação Naval 1º de Maio, a primeira colectividade de cariz eminentemente popular instituída em Portugal. Nesse mesmo ano, a Real Associação Naval e o Real Gimnásio Club Português criam as suas secções de Remo.
Para comemorar o aniversário do Rei D. Carlos e da Rainha Dª Amélia, realizaram-se as
Regatas de Cascais em Setembro de 1901, a que se seguiram nos anos seguintes, na mesma data, regatas idênticas que se celebrizaram pelo seu esplendor. Nesta regata havia uma prova timonada por senhoras da sociedade constituindo, provavelmente, uma das primeiras manifestações de desporto feminino em Portugal.
No alvorecer do século XX despertavam grande interesse as regatas em guigas de quatro e de seis remos. No entanto, a falta de uniformidade nas características das embarcações, a que se juntava uma deficiente regulamentação, suscitavam frequentes conflitos que, em alguns casos, conduziam à quebra de relações entre as principais agremiações náuticas.
A necessidade de regulamentação das regatas de Remo mereceu alguma reflexão no
Congresso Marítimo Nacional, promovido pela Liga Naval Portuguesa, em 1902, sem que contudo daí resultasse alguma alteração tendo, no entanto, sido aprovada a tese "Impulsionamento do rowing nacional. Sua utilização possível na educação física do povo português".
Em 1904, a pedido de Joaquim Leote, as principais associações náuticas de Lisboa concorrem à criação da Taça Lisboa que constituirá um prémio de honra perpétuo destinado a ser disputado num grande Campeonato Nacional, a realizar anualmente em inriggers de quatro remos, numa extensão de 2000 metros, sob as condições do Regulamento de Corridas aprovado no seio da Convenção a 20 de Abril daquele ano.
A primeira regata foi realizada a 29 de maio de 1904, tendo lugar ao longo da muralha da Junqueira, entre as docas de Santo Amaro e do Bom Sucesso, comemorando em 2004 o seu centenário.
A Real Associação Naval, o Real Club Naval de Lisboa, o Club dos Aspirantes de Marinha e do Club Naval Madeirense, promulgam as Bases da Convenção, ao mesmo tempo que aprovam o primeiro regulamento de regatas de Remo que estabelece as bases para a regulamentação "das corridas de embarcações de Remo".
A Convenção tem como fim último promover "o desenvolvimento do rowing portuguez"1, a ela se devendo o rápido desenvolvimento que o Remo atingiu nos anos que se lhe seguiram.
A proclamação da República teve repercussões nos desportos Náuticos, sobretudo na Vela com o desaparecimento dos Yachts Reais. Consequentemente, os clubes apadrinhados pela Família Real sofreram um duro revés. Porém, lentamente, conseguem reagir reformando os respectivos estatutos, ao mesmo tempo que diversificam a sua acção, tornando-se mais eclécticos, criando secções com diferentes modalidades desportivas, a par de uma intensa actividade cultural e social, patente na organização de festivais náuticos e na promoção de passeios à vela e a remos que movimentam grande número de sócios, respectivas famílias e despertam o interesse da sociedade da época. Paralelamente, promovem a construção em Portugal dos primeiros barcos a remos de corrida.
O ano de 1919 é marcado pela realização, na Figueira da Foz, do Campeonato Internacional de Remo para comemorar a vitória das forças aliadas da Primeira Guerra, onde seria disputada a Taça da Vitória. Podiam concorrer a este campeonato todas as colectividades desportivas nacionais e estrangeiras legalmente constituídas.
A Taça da Vitória foi instituída pela Associação Naval 1º de Maio e adquirida por subscrição entre as Nações Aliadas da Grande Guerra e destinava-se a ser disputada em outriggers de oito remos.
No Congresso Náutico Nacional realizado no Porto, em Abril de 1920, por iniciativa do Clube Fluvial Portuense, a Associação Naval de Lisboa e o Clube Naval de Lisboa apresentam as bases de uma Federação Nacional de Remo passando, a partir dessa data, a existir uma entidade reguladora do desporto do Remo em Portugal. Nesse mesmo congresso são também instituídos e regulamentados os Campeonatos Nacionais de Remo.
Em 1922 a Federação Nacional de Remo (actual FPR) inscreve-se na FISA, o que lhe permite fazer-se representar nos campeonatos da Europa em Como, Itália, em 1923, com uma tripulação do Sport Clube do Porto e, em 1926, em Lucerna, Suíça, com uma tripulação do Clube Naval de Lisboa.
Os Campeonatos Nacionais de Remo de 1931, organizados pelo Clube Fluvial Portuense e pelo Sport Clube do Porto, realizados no Porto, entre o Bicalho e a Alfândega, destacaram-se pela forte adesão do público que acorreu a ambas as margens para assistir àquele que foi o maior evento desportivo realizado em Portugal até aquela data, tendo-se computado uma assistência superior a 50 mil pessoas.
Nesse mesmo ano, as Regatas Internacionais da Figueira da Foz tiveram igualmente grande adesão por parte do público, contabilizando-se cerca de 25 mil assistentes.
A realização, a partir da década de trinta, dos Campeonatos Escolares de Remo, organizados pela Federação Portuguesa de Remo e a criação a nível estatal dos Centros de Remo da Mocidade Portuguesa, movimentaram um maior número de praticantes, facto que se reflecte no fomento da modalidade.
No ano de 1948 Portugal inicia a sua participação nos Jogos Olímpicos. Em 1952, 1960 e1972 volta a marcar presença nestes eventos.
Em 1966 são criados os escalões etários para os mais jovens, como categoria de remadores.
A partir de 25 de Abril de 1974, dá-se início a uma nova etapa no desenvolvimento do Remo desportivo, pautada pelos princípios de democratização do desporto, definidos na política estatal da época, tendo em vista a massificação da modalidade. No âmbito desta política, a Direcção Geral dos Desportos, implementa Planos de Desenvolvimento da Modalidade.
Em 1976, inicia-se o processo de formação de treinadores, sistematizados em vários graus. É estabelecido um intercâmbio com a Polónia com a vinda da equipa olímpica polaca durante todo o mês de Fevereiro, tendo, no âmbito do mesmo, sido dada formação a um elevado número de técnicos nacionais. Paralelamente, assiste-se à criação de Escolas de Remo da DGD por todo o país.
Nos anos 80, a ANL introduziu a variante de Remo Indoor em Portugal organizando, em 1992, o primeiro Campeonato Nacional de Remo Indoor que conta com um elevado número de participantes.
Em 1985, realiza-se o primeiro Congresso de Remo, na Figueira da Foz onde, pela primeira vez, se reúnem todos os agentes desportivos que participam na vida da modalidade, tendo-se debatido amplamente os problemas do Remo.
No ano seguinte o Remo passa a integrar as modalidades com planos de Alta Competição que a DGD apoia.
Após esporádicas presenças em 1962 e 1982, Portugal inicia, em 1986, a sua participação regular e sistemática em campeonatos do mundo de remo com uma presença em Inglaterra. Dois anos depois, Henrique Baixinho, skiffista peso ligeiro, classifica-se em 4º lugar no Campeonato do Mundo de Milão.
Em 1987 disputa-se em Óbidos um Oxford - Cambridge em shell de oito, numa pista já
balizada, embora de forma rudimentar. Também neste ano são iniciados cursos de remo (remo indoor) para cidadãos com deficiência.
Em 1989 são redigidos os novos estatutos e os treinadores criam a sua própria estrutura - o Conselho de Treinadores. A década de 90 é marcada pelo aumento de participações em competições no estrangeiro e pela obtenção dos resultados mais significativos na História do Remo nacional, destacando-se:
  • A conquista, em 1990, da primeira medalha na Taça das Nações com uma tripulação feminina em double-skull. No ano seguinte, novamente uma tripulação feminina conquista mais uma medalha na Taça das Nações, uma medalha nas regatas internacionais de Lucerna e atinge a final A no Campeonato do Mundo;
  • O regresso aos Jogos Olímpicos, em 1992, após 20 anos de ausência, com uma tripulação de double-skull. Quatro anos depois volta a marcar presença olímpica.
  • Em 1994, a conquista da primeira medalha num campeonato do mundo com uma tripulação de quadri - skull peso ligeiro.
  • Em 1999, uma tripulação de double-skull masculino conquista o seu primeiro título
    Mundial, no Campeonato do Mundo de Juniores em Plovdiv, Bulgária;
    A publicação de legislação sobre o regime jurídico das federações, em 1993, implica que estas alterem os seus estatutos para poderem ser consideradas de utilidade pública desportiva.
    Em Lisboa realiza-se a Conferência Anual FISA de Treinadores com a presença de técnicosde todo o mundo.

    Em 1997 tem início o plano de apetrechamento dos clubes, apoiado pela Federação, que viria a contemplar mais de 100 embarcações, dezenas de ergómetros e centenas de remos. Três anos mais tarde, cinco árbitros portugueses obtêm a licença internacional e, quatro deles, passam a partir desta data a marcar presença nas grandes regatas internacionais, incluindo campeonatos do mundo.

    No Congresso Ordinário da FISA, realizado em Lucerna, Suíça, em Agosto de 2001, José Nunes é eleito Presidente da Comissão do Remo Adaptado, sendo o primeiro português a terassento nas estruturas executivas da Federação Internacional.
    No ano 2002, depois de um processo iniciado em 1997, é inaugurada a pista de Montemor - O- Velho, obedecendo o seu projecto às especificações da FISA para pistas internacionais. Em 2003, e depois de uma primeira participação no ano anterior, uma tripulação de Remo Adaptado de Soure conquista a primeira medalha num campeonato do mundo.
    A prática desportiva do Remo tem-se diversificado nos últimos tempos e encontramos hoje nos planos de actividade federativos o Remo Indoor, o Remo de Mar, o Remo Adaptado e o Remo de Turismo.
    A conquista do primeiro título mundial da sua história, em 1999, a organização do Congresso Extraordinário da FISA na cidade do Porto em 2001, com a presença de 200 delegados de 60 países, e a realização em Montemor - O - Velho, em Agosto de 2002, da Coupe de la Jeunesse, competição onde estiveram presentes 400 participantes de 10 países europeus, deram à Federação e ao País, uma visibilidade exterior impensável poucos anos atrás.

    (Ana Nunes, Carlos Henriques e Fernando Estima)

    Obs: Artigo a publicar pelo COP no âmbito das comemorações do Dia da Confederação.
    1 In: Bases da Convenção entre as Associações Náuticas de Lisboa, assinado pelos representantes das quatro associações aderentes, em 20 de Abril de 1904.